quarta-feira, 19 de junho de 2013

Texto de Apoio - 2º encontro - 08-06-2013

Livro: Construindo a Igualdade na Diversidade - gênero e sexualidade na escola

Capítulo 3 - VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM DESAFIO À CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS














REFERÊNCIA

LUZ, Nanci Satancki; CARVALHO, Marina Gomes; CASAGRANDE, Lindamir Salete. Construindo a Igualdade na Escola: gênero  e sexualidade na escola. Capítulo 3. Curitiba, UTFPR, 2009.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

3º encontro - 15-06-2013


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EQUIPE MULTIDISCIPLINAR – FORMAÇÃO CONTINUADA – 2013 – 3º encontro

A pauta segue com algumas alterações da coordenação da Equipe Multidisciplinar do CERB, mas mantém o conteúdo enviado pelo NRE de Jacarezinho, conforme coordenação da pedagoga Amélia Sílvia Marcelino  do Técnico Pedagógico da disciplina de História Anderson Luiz Machado.


Pauta


1.1.Após a leitura do texto que é a própria lei sobre os Índios na Constituição Federal, relate quais os direitos atribuídos aos índios em território nacional.



Após a leitura, anotar as principais informações do texto, para posterior diálogo com a equipe.

3 – Vídeos da série especial "Índios".
        
Após a leitura e discussões pertinentes, assistir a todos os vídeos da série especial Índios, Repórter Brasil e fazer as seguintes observações


  • Identificar  os problemas que os povos indígenas enfrentam.
  • Relacionar a ação governamental, com a questão das leis cabíveis ao povo Indígena.
  • Fazer uma análise sobre os proprietários de terra e as ocupações dos índios.
  • Sobre o processo de aculturação, quais pontos podem ser considerados positivos e quais o negativos?
  • A inserção dos índios nas novas tecnologias garantem um processo dinâmico entre as comunidades? Quais contribuições são exploradas?
  • Sobre a saúde indígena, o governo está agindo de maneira satisfatória, segundo a reportagem? Será que este é um problema enfrentado somente nas comunidades indígenas, ou também afetam a sociedade de maneira geral?
  • Quanto ao legado cultural que a população indígena deixa para a História do Brasil, qual é o papel da sociedade com as atitudes de divulgação da cultura, da valorização e de ruptura que também acontecem?

  • Na atualidade aconteceram diversas manifestações de reivindicação para a posse de terra indígena, as manifestações nem sempre acontecem de forma pacífica, como pode ser analisado esse fato? A construção de Usinas Hidrelétricas é um dos motivos das reivindicações, como entender a necessidade da construção, as terras indígenas e o impacto ambiental?
  • O que se pode concluir após assistir o vídeo sobre a Usina de Belo Monte?


REFERÊNCIAS

Texto:Os Índios na Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.funai.gov.br/quem/legislacao/indios_na_constitui.htm . Acesso em 15 jul 2013.

Texto: Índios da etnia munduruku desocupam sede da Funai em Brasília. Disponível em: http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/06/indios-mundurukus-desocupam-sede-da-funai-em-brasilia.html . Acesso em 15 jul 2013.

Vídeo: Série especial Índios: Territórios Indígenas, Repórter Brasil (manhã). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=zE2dpu8G_UM. .


Vídeo: Série sobre indígenas mostra como está a Raposa Serra do Sol, Repórter Brasil (noite). Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=2cG48FjZUUI . Acesso em 15 jul 2013.

Vídeo: Série especial Índios nº 3 precariedade na série indígena, Repórter Brasil (manhã), Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=PRbly6k4eI4 . Acesso em 15 jul 2013.



Vídeo: Belo Monte, uma usina polêmica. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=g5QW6ph_ZPM . Acesso em 15 jul 2013.







segunda-feira, 10 de junho de 2013

2º encontro - 08-06-2013

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR – FORMAÇÃO CONTINUADA – 2013 – 2º encontro

A pauta deste encontro foi proposta pelos professores Adriani Coppi, Amélia Sílvia Marcelino, Anderson Luiz Machado, Fábio César de Souza, Lucas Nogari de Mello, do NRE de Jacarezinho, porém sofreu algumas alterações pela coordenação da Equipe Multidisciplinar do CERB

   
1. Leitura: 3º capítulo do livro "Construindo a Igualdade na diversidade: gênero e sexualidade"- pp. 47 a 72.

1.1.Registrar as reflexões do grupo baseando-se nos questionamentos abaixo.

a) Que trabalho, programa e/ou projeto  deve ser desenvolvido para que a mulher perceba-secomo ser humano?
b)  A lei Maria da Penha é para a proteção da vida da mulher agredida, porém é afiançável. O que garante a segurança para que a mulher denuncie a violência doméstica?
c) Por que os criminosos com maior poder aquisitivo não são punidos?
d) Qual é a estratégia utilizada pelos advogados para conseguir safar os criminosos das condenações?
e) Aproximadamente, quantas mulheres brasileiras detectaram ter sofrido algum tipo de violência masculina: Quantas relatam casos de violência física? Quantas citam alguma violência psíquica? E quantas lembram do assédio sexual?


 2. VídeoA lei Maria da Penha em Cordel  (versão animada do DVD Mulher de Lei)

 2.1.Registrar as reflexões do grupo baseando-se nos questionamentos abaixo.

a) Quais as contribuições deste vídeo para o esclarecimento do assunto pertinente à Lei Maria da Penha? 
b) O vídeo promove respostas às dúvidas existentes? 
c) Esse vídeo poderia ser utilizado na sua comunidade escolar como uma atitude de prevenção e esclarecimento aos problemas relacionados à temática da Violência Doméstica?



 3.1.Registrar as reflexões do grupo baseando-se nos questionamentos abaixo.
    
a) Segundo o delegado, como o homem vê a mulher? 
b) A dependência econômica interfere na relação de um casal promovendo a violência?
c) Você conhece alguma família que passou, ou passa por essa situação?
d) Qual é o seu papel frente ao problema?
e) Como é a ação da polícia:  rápida, morosa, sempre presente e atuante?
f) Quais comentários podem ser feitos sobre o vídeo, na reportagem com a delegada do
Piauí? A polícia, o judiciário e a promotoria pública são atuantes?


4. VídeoLei Maria da Penha

            a)  Como as mulheres agem diante da violência?
            b)  Em que a Lei Maria da Penha favoreceu as mulheres no que se refere à denúncia?
            c)  Como a mulher agredida se sente, considerando os relatos do vídeo?
            d)  Qual a função da Delegacia específica?

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REFLEXÕES DA EQUIPE

Diante da importância e relevância do tema, as propostas e/ou programas de resgate da autoestima das mulheres que de alguma forma passam ou sofrem algum tipo de violência, devem abranger todos os aspectos da vida da mulher. Deve-se priorizar o lado afetivo, resgatando seus valores pessoais de dignidade, respeito e amor-próprio, fazendo-a perceber que essa violência não é culpa sua, mas sim algo perpetuado culturalmente, de que a mulher tem que ser submissa ao homem. No aspecto cidadão, deve-se oportunizar a ela conhecer os seus direitos, e todas as prerrogativas que as leis de proteção lhe conferem. Isso tudo deve ser alcançado através de palestras, campanhas e programas de conscientização, e a efetiva aplicação das leis, não só direcionando esses eventos ao público feminino, mas também (e talvez mais necessário) aos homens. Essas informações e iniciativas devem chegar aos mais variados espaços, como indústrias, fábricas, clubes, escolas, igrejas, pois as vítimas e os causadores desse tipo de violência estão em todos os ambientes.
A Lei Maria da Penha trouxe avanços inegáveis à proteção à mulher e a punição aos agressores. Ela permitiu que os agressores fossem presos em flagrante ou tivessem a prisão preventiva decretada; acabou com as penas pecuniárias, onde o réu era condenado a pagar apenas cestas básicas ou multas, e alterou, ainda, a Lei de Execuções Penais, que permite que o Juiz determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
A lei também traz medidas para proteger a mulher agredida, que está em situação de agressão, ou cuja vida corre riscos, como a saída do agressor de casa, a proteção dos filhos e o direito da mulher de reaver seus bens. A violência psicológica passou a ser caracterizada também como violência doméstica. A mulher poderá, também, ficar seis meses afastada do trabalho sem perder o emprego, se for constada a necessidade de manutenção de sua integridade física ou psicológica. Além da denúncia de violência poder ser feita de maneira anônima ou por terceiros, e há ainda as medidas protetivas, que resguardam a integridade da mulher.

Apesar disso, as leis brasileiras em geral, sempre deixam brechas para que criminosos saiam impunes. No que se refere ao poder aquisitivo o criminoso rico tem mais chances de liberdade que o criminoso pobre, pois conta com mais recursos e acesso aos mais competentes advogados, mais possibilidades de fuga do flagrante, além de contar com “amigos” mais influentes.. Aqueles com menor poder aquisitivo, têm que se valer, em muitas ocasiões, de defensores públicos. Ou seja, a impunidade dos “ricos” criminosos é possível, pois na nossa sociedade, junto ao dinheiro estão agregados alguns valores como “honestidade”, “respeito”, “idoneidade”, e  estes se valem dessas prerrogativas para  não ser expostos aos rigores da lei.

Como é relatado no livro Construindo a Igualdade na diversidade: gênero e sexualidade, a autora cita o exemplo do advogado Evandro Lins e Silva que ensina em seu livro “A defesa tem palavra”, as formas que podem levar esses criminosos serem considerados inocentes:  1. Demonstrar o bom caráter do assassino; 2. Caracterizar a vítima por valores negativos ou desaboná-la, mostrando que ela levou o assassino ao ato criminoso. Essas estratégias levam o júri a pensar que a vítima foi “merecedora” do crime, e que o assassino agiu levado pelo “amor” que sentia pela vítima, mas que esta não correspondeu, ou seja, a defesa do assassino usa a estratégia de que o amor o levou a cometer o crime.

Segundo a pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, em 2011, com 2.502 mulheres de 187 municípios (24 estados), a violência contra a mulher apresenta alguns aspectos interessantes, conforme abaixo.

Aproximadamente uma em cada cinco brasileiras declarou ter sofrido algum tipo de violência por parte de algum homem: 16% relataram casos de violência física; 2% citam alguma violência psíquica; 1% lembram do assédio sexual.

             De acordo com o vídeo " A lei Maria da Penha em Cordel", transformado em repente  pelo cantor Tião Simpatia, a letra da música deixa  claro e fácil de entendimento a Lei Maria da Penha  e  a violência doméstica. Esclarece que esta lei está em  pleno vigor e que não veio para prender homens, e sim para punir agressores. 
       A violência doméstica tem sido a grande vilã,  que impede o pleno desenvolvimento da mulher frente a seus objetivos na sociedade. Independente de classe e nível educacional, raça , etnia  e opção sexual, cultura e idade, renda e religião todos gozam dos direitos  e estão assegurados pela  Constituição.  A Lei Maria da Penha colabora para o cumprimento dos direitos humanos.  Antes dela a mulher sofria maus tratos e a justiça não tinha como punir;  o agressor voltava para casa e repetia seu feito.  Por ser uma questão de gênero a Lei ampara a Mulher. Se o homem apanhar da mulher ele pode recorrer ao código penal e não à Lei Maria da Penha.
Neste contexto citamos o vídeo “A violência contra a mulher”, que deixa claro que uma das maiores vítimas da violência doméstica é a mulher. O mais interessante é que em pleno século XXI, segundo o delegado Adroaldo Rodrigues, a cada cinco minutos uma mulher é espancada no Brasil, sendo este o sétimo país mais violento nesta questão.
Desta forma o homem espanca e agride, e a mulher, por vezes, conserva a obediência a este que a reprime.  Fica claro, que a dependência econômica é um dos fatores que levam mulheres a suportar a agressão no dia a dia.

Segundo o vídeo, o estado mais violento da federação é o Espírito Santo, com a maior porcentagem de homens considerados “machistas”. No Piauí, a delegada Vilma Alves, age com muita eficiência na defesa da mulher, impedindo o acúmulo de denúncias e  ofertando palestras abordando o assunto. Ela esclarece que  a mulher não é objeto e nem propriedade do homem, e sim, uma cidadã, que deve ser respeitada. 

REFERÊNCIAS
LUZ, Nanci Stancki, CARVALHO, Marília Gomes de. CASAGRANDE, Lindamir Salete. Construindo a igualdade na diversidade: gênero e sexualidade na escola – Curitiba: UTFPR, 2009.

Vídeo: A lei Maria da Penha em Cordel (versão animada do DVD Mulher de Lei) Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=8G9Ddgw8HaQ . Acesso em 08 jun. 2013.

Vídeo: Matéria do Fantástico: Violência contra a Mulher. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=rxm3tufdXvQ  . Acesso em 08 jun. 2013.


Vídeo: Lei Maria da Penha. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=jsWIleZadMQ . Acesso em 08 jun. 2013.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Texto de Apoio - 1º encontro - 25-05-2013

Textos de apoio

Manifesto Frente Três de Fevereiro

Introdução
A Frente 3 de Fevereiro é um grupo transdisciplinar de pesquisas e ação direta acerca do racismo na sociedade brasileira. Sua abordagem cria novas leituras e coloca em contexto dados que chegam à população de maneira fragmentada através dos meios de comunicação. As ações diretas criam novas formas de manifestações acerca de questões raciais.
Para pensar e agir em uma realidade em constante transformação, permeada por transformações culturais de diversas escalas e sentidos , se fazem necessárias novas estratégias. A Frente 3 de Fevereiro associa o legado artístico de gerações que pensaram maneiras de interagir com o espaço urbano à histórica luta e resistência da cultura afro-brasileira.

Texto de apresentação

Manifesto Frente Três de Fevereiro
Nós da frente Três de Fevereiro queremos, por meio deste manifesto, denunciar o profundo risco que toda a sociedade está correndo. No dia três de fevereiro, Flávio Ferreira Sant´Ana foi brutalmente assassinado pela polícia do Estado de São Paulo. Este crime horrendo não só demonstra a violência policial, como explicita a perigosa relação que existe entre a abordagem policial e o viés racista incutido na definição de quem é ou não suspeito. Tal prática evidencia também a falta de controle que a sociedade civil tem sobre aqueles que deveriam ser os agentes da sua segurança.
A chamada "abordagem com motivação racial" não passa de eufemismo para o racismo policial (91% dos jovens negros do Estado de São Paulo já foram abordados pela polícia - Datafolha 2004), pois sua verdadeira e cotidiana ação é o enquadramento do cidadão negro como o suspeito preferencial de qualquer atividade criminosa. Essa ação decorre de um pensamento anterior disseminado na formação sociocultural do povo brasileiro que abrange desde a raiz etimológica da palavra negro e suas significações negativas (indivíduo de raça negra, preto, sujo, encardido, muito triste, lúgubre, perverso, escravo - do Dicionário Aurélio) até os efeitos discriminatórios que este pensamento tem sobre o cotidiano da nossa sociedade.
A morte de Flávio demonstra a profunda cisão que existe entre os direitos individuais (garantidos na Constituição de 1988) e a realidade do dia a dia. Este caso mostra de maneira clara a real condição que vivemos, de fato não existe a chamada "democracia racial", apenas se camuflam as formas de discriminação racial. A sociedade, por sua vez, "terceiriza" a função discriminatória, criando a ilusão de que a população brasileira está isenta da prática do racismo. Essa terceirização está incrustada no seio da corporação policial, que ironicamente tem uma grande parcela de policiais negros em seu efetivo, o que evidencia a urgência da necessidade de mudança nos parâmetros sociais vigentes, onde o jovem negro é "confinado" (na sua grande maioria) ao papel de algoz (policial) ou réu (bandido), daí a não aceitação de qualquer outro papel social que não esteja contido nestes dois parâmetros.
Desta forma, o Brasil cria um dos mais cruéis e eficientes mecanismos de discriminação racial, posto que tal sistema exclui qualquer possibilidade de questionamento da existência do racismo na sociedade brasileira.
Por tudo isto, nós da Frente Três de Fevereiro, queremos romper com este silêncio velado, convocando a sociedade a se posicionar diante da urgência latente desta realidade denunciando o esquecimento que a justiça, o poder público e a grande mídia tentam imprimir à questão do racismo frente à cidadania.
Dos princípios fundamentais
Art. 3º:
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 5º:
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível sujeito à pena de reclusão nos termos da lei.
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Texto 1:

Democracia Racial
                                                                                                                                 Pedro Guimarães
Índio, branco e negro. Mameluco, cafuzo e mulato. Mestiços. A mestiçagem criou no Brasil uma sensação de harmonia e acomodação dos diferentes povos que constituíram esse povo, povo brasileiro. Uma aparente afetividade entre os diferentes. Diferente dos Estados Unidos ou da África do Sul, aqui nunca se separou (pelo menos declaradamente) bairros para brancos e negros, escolas para negros e brancos, banheiros para brancos e negros empregos para negros e brancos. Emprego? Bem se falando em trabalho a divisão não parece tão diferente assim da dos Estados Unidos e da África do sul. Herdamos da colonização Portuguesa uma hipocrisia de nos intitularmos todos amigos, por mais que os nossos interesses e participação na sociedade seja radicalmente opostos, e um sentimento de superioridade de uns para com os outros.
O branco, pode ser rico e católico e ter como seu melhor amigo, você que é negro, pobre, macumbeiro ou evangélico, que é neto do escravo do avô dele e que mesmo assim é tão superior, que isso não interfere no fato dele te considerar o melhor amigo dele. Desejar tua malicia, sua esperteza e a capacidade que possui de conseguir escapar e dar jeito nas tantas situações difíceis que a vida lhe reserva.
O mestiço por sua vez vive a não identidade cultural, e é isto que o identifica, quando indagado por sua cor não sabe se moreno, pardo, mulato, marrom, chocolate ou cor de burro quando foge, e aí reside sua grande vantagem dependendo da circunstância pode se passar por branco, negro ou índio, conforme o que lhe for conveniente, e isso toma-lhe a alma e mente de forma tão sinistra que ele acaba fazendo uso desse efeito camaleão  sem se dar conta, e vai tornando-se vítima de sua própria esperteza. Dessa forma mesmo tendo sangue índio e negro acaba não ajudando estas populações pois no momento em que se vê obrigado a se posicionar racialmente, assume só seu lado branco, pois no Brasil o sonho de todos (até da elite) é ser branco.
O negro brasileiro, como diz o filósofo Jorge Mautner perdoou quem o escravizou. Se considera parte integrante da sociedade brasileira, e realmente é. Principalmente no que diz respeito a contribuição no jeito de andar, falar, comer e se comportar de todo nosso povo, mas não consegue participar dos centros de tomada de decisão (poder) e do desfrute da riqueza (na sua grande maioria). Acredita ser amado pelos não negros, e faz de tudo para mostrar o quanto soube seguir os bons exemplos dados pelo mundo ocidental.* Pois no Brasil os méritos e valores dos negros são reconhecidos desde que se possa esconder que são de pessoas negras. O negro, tanto honrosa ou criminosamente quer enriquecer, pois enriquecer é quase se tornar branco e dessa forma toda sorte de humilhações raciais que você passou na vida serão recompensadas.
Observamos hoje nas grandes cidades uma inversão total de valores, enquanto as igrejas evangélicas, que têm raiz no protestantismo europeu do século 16, ameaçam os terreiros de umbanda e candomblé tomando-lhes cada vez mais seu fiéis: a classe média branca e intelectualizada, procura cada vez mais esses mesmos terreiros abandonados por negros e mestiços. Talvez a democracia racial seja possível através desta contradição.
*Os irmãos Rebouças e o Teodoro Sampaio são lembrados como grandes engenheiros e esquecidos como negros.

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Texto 2:

No Go Area
Pedro Guimarães
Sugestões para uso de termo em Português:
Área proibida
Área não recomendável
Lugar de risco
Área de risco
Lugar não disponível
Zona inacessível
Espaço fechado
Área restrita
Bairro particular
Vila privada

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Texto 3

Dialética da malandragem:
As dificuldades para se viver no Brasil, por parte dos negros e pobres faz surgir o malandro, que com a maestria de quem rebola um samba, xaxado ou maxixe transita por situações difíceis, com cada um dos pés em uma ponta do abismo. Vive a legalidade de quem tem endereço, mas não perde de vista o marginal presente em alguns trabalhinhos, biscates não tão honrados assim, necessários para se defender um dinheirinho a mais e garantir o leitinho das crianças. Acaba sendo uma espécie de ponte entre o legal e o criminoso pois conhece, comunga e atua nas duas frentes, amortecendo os conflitos entre brancos e negros, pobres e ricos. Conflitos estes tão pouco assumidos no Brasil, onde a desculpa do afeto entre todos gera um poderoso e hipócrita  anestésico. Nos dias atuais o não acesso a bens materiais e culturais por parte da maioria da população gerou nas grandes cidades um clima de guerra civil, explícito. A população sempre marginalizada começa a ver o bandido como herói, se é possível admitir que dentro de nossa cultura alguém seja santo, e entre ele e a vida comum, optam em ajudar ao marginal. Sendo assim não há mais um bailado malandro onde o cidadão transita de um estilo para outro de vida, a pessoa sente-se inclinada a trabalhar para crime pois este tem se mostrado, nos lugares mais abandonados, um senhor mais generoso do que os outros, e em momentos de crise e sofrimento somos obrigados a escolher um único senhor no qual servir.

Lei 10639/03

  O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
        Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3o (VETADO)"
"Art. 79-A. (VETADO)"
"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
        Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
        Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVACristovam Ricardo Cavalcanti Buarque

1º encontro - 25/05/2013

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR – FORMAÇÃO CONTINUADA

Sugestão de estudo proposta pelo professor Anderson Machado, Técnico Pedagógico da disciplina de História, do NRE/Jacarezinho.

O texto sofreu pequenos ajustes, conforme entendimento da coordenação da Equipe.
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1. Manifesto Frente Três de Fevereiro;
2. Democracia racial;
3. No Go Area - Dialética da Malandragem;
4. Música: "Quem policia a polícia";
5. Lei 10639/03.


1.  Vídeo: Zumbi somos todos nós- parte 1 . Filme produzido pela TV Cultura, chamado DOCTV, 2007.
                Duração: 9’15” 
1.1.        Refletir e responder, em forma de texto, às questões a seguir.

a)  Quais são as cenas apresentadas no início do filme?
b)  Noel Carvalho, um sociólogo e cineasta, faz algumas considerações. Sobre o que ele fala?
c)  Julita Lemgruber é uma socióloga e ex-ouvidora da polícia do Rio de Janeiro, segundo ela, como a polícia identifica e aborda uma pessoa suspeita?
d)  Nicolau Sevcenko, é um historiador e relata como a polícia surgiu e qual é a função dela na sociedade. Diante disso, como pode ser interpretada a ação da polícia, para quem serve e qual a diferença dela com o restante da população? Qual é a fala dele em relação à polícia e às classes sociais heterogêneas?
e)  Na segunda fala da socióloga Julita Lemgruber, é explicitado que o embate que a polícia tem é justamente com o jovem negro. Qual a consideração que se pode fazer diante desse fato?
f)   O que a música "Quem policia a polícia" relata? Quais as reivindicações feitas intrinsecamente?
g)  O que o cidadão entrevistado, no final do vídeo, relata sobre a ação de policiais e a sua pessoa  e como ele age diante de uma situação em que existem policiais?



2.         Vídeo: Zumbi somos todos nós- parte 2. Filme produzido pela TV Cultura, chamado DOCTV, 2007. 
                   Duração: 6’54”


2.1.    Refletir e responder, em forma de texto, às questões a seguir.

a)  No início da segunda parte do vídeo, um policial se aproxima de uma pessoa (que está com uma câmera nas mãos e filmando), pede os documentos. Qual é o relato feito pelo policial sobre a abordagem na periferia e em uma área nobre da cidade?
b)  Segundo o policial, qual a atitude da polícia em uma área pobre?
c)  Quando o entrevistado pergunta ao policial como ele identifica a sua cor, o policial diz que é "parda”. Qual é a explicação que o mesmo dá após dizer isso?
d)  Qual é a reação do segundo policial diante da pergunta: “De que cor o senhor acha que eu sou?”, e qual a visão dele diante da pergunta: “De que cor o senhor é”? O que se percebe com essas perguntas e as respectivas respostas?
e)  Vera Malagutti, a socióloga entrevistada, relata que não descrimina a polícia, pois a mesma é selecionada de uma maneira diferenciada, o que se entende sobre isso?
f)   A socióloga Julita Lemgruber, diz que “o policial no RJ, não tem cor a partir do momento em que veste o uniforme”. O que isso evidencia?
g)  O historiador Nicolau Sevcenko, explica sobre a ação policial na época da Ditadura Militar no Brasil. Como os presos eram conduzidos? Isso faz ou não menção à escravidão e à questão do negro em si?
h)  Quando a socióloga  Julita Lemgruber, expõe a questão de que a polícia está em uma área para atuar de acordo com a “ordem da elite dominante e que em todas as etapas do funcionamento do sistema da justiça criminal existe o racismo”. Será que isso realmente é uma verdade, existem exceções?

3.  Vídeo: Zumbi somos todos nós- parte 3 - Filme produzido pela TV Cultura, chamado DOCTV, 2007.
          Duração: 6'29

3.3. Refletir e responder, em forma de texto, às questões a seguir. 

a)  Em meio às apresentações em diversas redes televisivas, como pode ser entendida a questão de racismo no meio futebolístico? Será que isso acontece apenas no mundo do futebol?
b)  A antropóloga Lilia Schwarcz, relata que quando questionava sobre preconceito racial- se existia ou não-  96% das respostas eram "não".  Quando as pessoas eram indagadas sobre conhecer alguém que tem preconceito racial, 99% das respostas eram "sim". A resposta “exata” da pergunta é que a existência do racismo acontece, mas o racista é o “outro”.  O que dizer diante desse fato?
c)  O Frei David, diretor executivo EDUCAFRO, fala sobre a problematização do negro e a segregação? Aponte os pontos principais de sua fala. 

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REFLEXÕES DA EQUIPE


Conforme o Vídeo: Zumbi somos todos nós- parte 2. Filme produzido pela TV Cultura, chamado DOCTV, 2007, observa-se que a desigualdade de tratamento entre brancos e negros é reconhecida como uma das mais perversas dimensões da sociedade brasileira.
No tocante à educação, saúde, renda, e o acesso a empregos estáveis, violência ou expectativa de vida, os negros se encontram submetidos às piores condições. Dado os fatores históricos e os constrangimentos raciais que ainda hoje operam no país, as políticas universais têm se revelado insuficientes face ao objetivo de enfrentar a discriminação e desigualdade racial. A presença do racismo, do preconceito e da discriminação racial como práticas sociais, aliadas à existência do racismo institucional, representa um obstáculo à redução daquelas desigualdades, obstáculo este que só poderá ser vencido com a mobilização de esforços de cunho específico.
Neste contexto, o tratamento dispensado pela polícia não é diferente, apesar da negação que ocorra a discriminação. Desta forma o vídeo, convoca a sociedade a se posicionar diante da urgência latente desta realidade, denunciando o esquecimento que a justiça, o poder público e a grande mídia tentam imprimir à questão do racismo, frente à cidadania.
Há uma analogia à forma de reconduzir os negros que fugiam das fazendas, amarrados pelo pescoço uns aos outros - atitude que faz menção aos capitães do mato, à da função inicial dos policiais.
As desigualdades raciais no Brasil configuram-se como um fenômeno complexo, constituindo-se em um enorme desafio para governos e para a sociedade em geral. A título de exemplo, o primeiro presídio no Brasil contava com uma população carcerária de 95% de negros.
De forma inequívoca pode-se afirmar que o racismo é subjacente à justiça criminal. De acordo com Luciana Jaccoud , a luta no campo jurídico é um recurso que tem sido pouco utilizado pela sociedade brasileira e, quando usado, seus resultados em termos de punição são praticamente inexistentes. As causas apontadas para as dificuldades de aplicação do direito no campo racial são várias, sendo citadas, entre outras, a necessidade de provas e testemunhos, e a resistência dos membros da polícia e do judiciário em dar encaminhamento e esses inquéritos e processos.

O claro que o racismo sempre existiu em todas as esferas sociais. Diante de acontecimentos, como por exemplo,  quando o jogador argentino Desábato ofendeu o jogador brasileiro Grafite, chamando-o de de "negro, crioulo, macaco" ,  a mídia divulgou amplamente e  então  colaborou para a  discussão sobre  racismo.  
O racismo é um tipo de preconceito que fere toda a sociedade, não só no meio esportivo.        
Na análise da antropóloga Lília Shuarcz, apresentada no vídeo ” Zumbi somos todos nós”- parte 3, percebemos que todos  os entrevistados se dizem não racistas que conhecem pessoas racistas, ou seja, segunda ela, é como se cada indivíduo fosse uma  ilha de democracia, cercado de racista por todos os lados, numa tentativa de , em público, camuflar o ranço da sociedade escravocrata refletida dentro de cada um.
Frei Davi, diretor de EDUCANDAFRO, comenta uma realidade que muitas vezes nos passa despercebida:  o negro foi vítima de uma sociedade branca, não foi o negro que criou a sua condição  de escravo.   Àqueles que criaram a escravidão cabe o dever de  resolver o problema que se apresenta.

Neste contexto entendemos  que a sociedade não pode calar. Somente lutando por seus direitos ela se vislumbrará, de fato,  igualitária.



REFERÊNCIAS


THEODORO, Mário; JACCOUD, Luciana; OSÓRIO, Rafael Guerreiro; SOARES, Sergei.   As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil 120 anos após a abolição. 2ª edição. IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Novembro de 2008.

Frente Três de Fevereiro.  Disponível em: http://www.frente3defevereiro.com.br/Acesso em 25 jun 2013.

Vídeo: Zumbi somos todos nós. Filme produzido pela TV Cultura, chamado DOCTV, 2007. Parte 1, disponível em: www.youtube.com/watch?v=xKVVdf3Enu0 . Parte 2, disponível em:www.youtube.com/watch?v=JVF3uoPnGyI . Parte 3, disponível em:www.youtube.com/watch?v=20byc-_ZBx8 .Parte 4, disponível em: www.youtube.com/watch?v=kEHi0h-kGKg . Parte 5, disponível em:www.youtube.com/watch?v=pIwy4hTi1CY
Parte 6, disponível em:www.youtube.com/watch?v=HGIqyOe9CrQ .Parte 7, disponível em: www.youtube.com/watch?v=PDW9nSM5B-Y . Acesso em 25 jun 2013.